PROJETO MEDUZA

Lar, doce lar...

Sempre tive e sempre terei uma relação muito forte com a minha casa, mesmo não sendo minha. Seja ela em Lins (quando morava lá), seja meu apartamento em Rio Preto, sejam meus sonhos de ter um trailer e sair por aí conhecendo o mundo afora e propalando arte aos quatro, cinco, seis ventos. Cada parede, cada pedaço de lar, cada centímetro quadrado do habitat que me sustenta, interfere diretamente no meu ciclo vital, no meu humor e em minhas inquietações. Se há rachaduras, me sinto velho. Sujeira, perdido. Bagunça, desorientado. Objetos quebrados, incompleto. E assim por diante. Dificilmente me sinto envergonhado. Porque a minha casa sou eu, e não tenho e não gosto de ter vergonha de mim mesmo. Se bato um prego na parede, sinto dor, mas a obra que se pendura em seguida, preenche o vazio da martelada. Casa não se tem, casa se é. No intervalo de tempo entre uma mudança, por exemplo, pode ser mais significativa do que simplesmente aparenta. Ao trocar de casa, haverá um período em que não estarei em lugar nenhum, nem lá, nem aqui. Nesse momento, é como se estivesse ausente de mim mesmo: crise ideológica, crise de identidade, crise existencial. A vida nunca é inteira e igual, é de fases, de ciclos. Sempre, algo começa, termina e recomeça. Estar preparado pra mudanças é como prever o desconhecido.

Jef - 26/10/2009 - 13h57