E agora?
Nenhum dos momentos em que se passa pela vida deveriam ser desperdiçados e maltratados com a falta de atenção que lhes impomos por ter tanto o que fazer.
A semana começa sempre com um determinado barulho composto por muitos caracteres e tempo dispostos de modo diferente e intercalados, para formar uma musicalidade, usada como despertador. Por muitas vezes me pergunto, onde está o tic-tac do relógio que ao menos nos ajudava a manter o passo? Mas ainda assim, levantamos todas as manhãs, uns mais cedo outros mais tarde e de mesma forma cansados. Depois de determinado tempo, de acordo com cada ritmo, entramos em um estado de automação. Cambaleamos até o espelho do banheiro, às vezes passamos direto para o chuveiro para esconder o real que a vida nos proporciona, mas seguimos.
Passos frenéticos e descompassados seguem como personagem dos momentos seguintes, a geladeira entreaberta indica que a função multitasking, foi acionada e da mesma forma até que o botão do elevador é apertado e toda a tensão aparece na força despendida no botão que aciona o elevador. Pelo dia essas potencialidades se afloram ou murcham, normalmente se propagando e se reagrupando com o passar dos minutos.
Ao chegar ao trabalho, tudo até parece como o que foi intencionalmente sonhado, imposta e esquizofrenicamente interpretado. Sua mesa se parece com algo que te arrepia e você não consegue interpretar o que ocorre, seus instrumentos de trabalho não tem mais desempenhado sua função com a costumeira destreza, e teus olhos ardem logo cedo por causa da poluição.
Enfim dezembro chega, as festas chegam. As propagandas chegam os senhores de vermelho chegam, a “neve” chega, e chegam também as sentadinhas nos colos, as fotografias, os sorrisos amarelos, os manchados de batom na boca das caça marido, ou melhor, padrasto. Tudo chega e tudo se vai e se transforma muita coisa muda...
Será mesmo? Parece que na verdade estamos seguindo todos os moldes construídos e reparados por outros. Não percebi ainda que tipo de mudança esta a acontecer. Podemos ir ao shopping é verdade. Podemos comprar alguns badulaques a mais. A gasolina sobe, o álcool sobe e nós nem reclamamos. A idéia da beleza já foi implantada, o rumo agora sofre alterações, com a mistura de possibilidades fornecidas pela internet, mas esse assunto fica pra depois.
Beijo,
Cadu Maia.
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